Meu nome? Não importa muito...
Covarde. Pode ser?
É verdade, não consigo olhar teus olhos...
Minha mão treme e coração bate rápido.
Odioso, tomado pelo medo das palavras.
Medo de que saiam distorcidas, entorpecidas por falta de coragem.
Sou uma condição de palpitações, de suores que saem involuntariamente.
Treinado a ter essas reações ao som de sua voz.
Entendo agora o que disse Ciampa: “O passado é presente pela linguagem...”
O Passado se faz presente pela memória dos fatos atualizados.
Como impedir que venham à tona?
Ela é quem atualiza os sentimentos creditados pela minha consciência boba de que estavam longe os sabores e dissabores proporcionados pelos sinos Pavlovianos que este som é.
...
Não estavam aprisionados. E naufragados na minha memória não submergiram, urraram, memórias em sentimentalismos gritaram felizes pela sua vinda, pelos seus olhos...
E eu que julgava que atenção me era adjetivo próprio.
Nada verdade. Eu te vi e...
É pra descrever?
Nem adiante irei, adianta dizer que mesmo cercado por outros sorrisos, apesar das minhas andanças, ou por causa delas recuperei todas as lembranças de um Amor que não sei...
Não. Arriscar o prêmio existente depois do arco-íris? Não me recordo quando tive coragem de arriscar, não me recordo quando a felicidade batia em minha porta...
E você vem agora tenta invadir mais uma vez meu caminho. Pra quê?
...
E o que é o Amor? Nos dias de hoje onde reencontros são sinônimos de carícias e beijos usados. Não. Nunca. Permito-me, só permito esses sentimentos porque são meus. Mas o mais... Sem mais nem menos...
O Amor... Também meu alimentado. Migalhas de carências em palavras inauditas.
É verdade. As minhas dores desaparecem quando os lábios se encontram mesmo que o reflexo na água já não seja o mesmo de tempos atrás. Nem nós, nem o rio somos os mesmos.
No meu corpo habita um novo alguém. Mais ferido e algumas cicatrizes.
E minha memória descansa em quem faz senti-la livre apesar das palavras aprisionadas...
E se essa afirmativa não for verdade? E nem é.
Minto nisso também. Ai de mim se as palavras não forem livres...
Nem eu me creio, e creio que medo de novo é desejo de manter os modelos.
Modelo de amor. Rotular pessoas, manipular coisas já vividas.
Modelo de relacionamento. Das coisas boas que relacionamentos trouxeram...
Medo de novo é prisão.
Acomodação dos dias insossos enlouquece.
Onde esta o paraíso?
Estão nas palavras? É claro que não. Não expressam, nem se expressam, mas podem narrar e emocionar.
Estão nas ações? Duvido. Onde ficam as influências sociais?
O gordo só quer gordo;
O malhado, o tanquinho;
O Fashion a roupa de grife.
Estão no desejo? Em parte. O desejo move a vontade.
A vontade quer conhecer e aprofundar. Aí nasce o novo: A perseverança.
Só se ama o que se conhece.
Daí vem à reciprocidade do desejo de amar e ser amado...
Mesmo que pra isso seja necessário reorganizar uma cidade devastada por uma guerra reconstruindo todo sofrimento que ela ocasionou...*
* (Esse texto não é meu na Íntegra. É de um grande amigo que não vejo faz algum tempo... Ele me deu pra que fosse feito em canção. Mas é tão denso e lindo, rico de uma dor latente e um desejo perene que transformei a narrativa em prosa sem perder o sentido inicial que é de Amar e ser amado. Quero deixar aqui a Flávio [Flavinho] minha admiração e amizade, por sua transparência e acolhida sempre que necessário. Obrigado amigo e me perdoe por ser ausente, você sabe que minha vida é louca... Ah, prometo fazer uma adaptação pra uma nova canção. Um grande abraço, Cajú.)