Enquanto houver sol haverá um sonho, uma história, uma esperança... Enquanto o céu refletir em mim sorrisos haverão canções e saudades... Enquanto houver sonhos haverão novos amigos... Nas esquinas da vida sempre um novo! E uma vida inteira pra decifrar... Eu sou do Sol! Sou da luz! E do dia...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sobre hoje, sobre tudo


Acho que nestas situações, em que não temos o controle, o medo cresce... o medo que ninguém consiga ver através dos meus olhos tudo que eu sinto e tudo que tenho a oferecer....Medo de que ninguém queira aceitar tudo o que eu sinto... "Sempre serás o sonho de ti mesmo. Vives tentando ser, papel rasgado de um intento" Queria que meu mundo morasse nos seus olhos. Sabe que deve ser muito bacana morar nos olhos de alguém? É sinal de que a gente não lhe sai da cabeça, pelo menos por poucos e eternos segundos. É sinal que a gente lhe enche o corpo e transborda pelos olhos. Pode-se ver os sorrisos nas pupilas. Pode-se ver um coração na íris. Pode se ver o quanto se gosta um do outro.

Sempre vou rápido demais, como rápido demais. Só queria dormir um pouco mais, aprender a fazer sexo em slowmotion, respirar, contando até dez. É porque não entendo... Não parece engraçado que no mundo, hoje, todo mundo esteja procurando a mesma coisa, mas ninguém consiga encontrar? Homem, mulher, héteros, gays. No fim, está todo mundo sempre sozinho, com medo de se entregar, com medo de se envolver, e com todo esse medo, cada um a sua maneira, afasta os relacionamentos, destrói as histórias recém-nascidas, minam as possibilidades. No final da noite, olhando pra lua, são todos sombras querendo entender: afinal, o que é preciso fazer pra se ter um amor de verdade?

E só então percebo.... Poemas e pecados. É disso que nos alimentamos no limbo da Terra. Do que sacia a vontade que a Igreja e a moral enterra. Pra gente como nós, todo verso é um grito, todo pecado, um rito. E a passagem é a busca da margem. Da outra margem do rio, que nos reserva o encontro com as portas do paraíso. Com os olhos acesos e gosto de licor de chocolate. De cheiro de uvas e sândalo. Do mel e do fel. Do ser e sentir....

Eu só queria propor um desafio. Você topa?

Tá. Imagina um sonho. Imaginou? Imagina ele lá longe, bem lá longe. Imaginou? Agora imagina ele se aproximando, cada vez mais e mais e mais. Imaginou? Agora feche os olhos e materialize o sonho. Nele tem um computador, uma mesa, uma sala, alguns livros, uma grande janela de vidro da qual se a orla de Porto Seguro. Imaginou? Por trás tem dois braços e nesses braços um abraço. Imaginou? Agora respira fundo. Um... Dois... Três... Conta até dez. Sentiu o cheiro de sabonete de glicerina que vem das mãos que lhe tampam os olhos e têm dois braços nos quais cabem meus abraços? Imagina agora dois corpos, que se completam muito além deles. Antes, depois e além do sexo e não por causa dele. Pelo sexo anarquista de Cléo e Daniel, ou pelo comunista e Rocco. Imaginou? Imagina agora que você abre os olhos e o sonho se transforma em outro sonho. Sonho dentro do sonho. Imagina um sonho bem real, tão real que dentro dele se vive. Imaginou? Neste sonho tem um avião. Um não, têm vários aviões, rumo a Itália, México, Argentina ou só Salvador, por aqui mesmo. Têm muitas pessoas. Tem um mundo inteiro. Mas nada importa além daquelas duas pessoas. Imagina essas duas pessoas, então, perdidas em cima de uma cama imensa, branca, cheia de almofadas e travesseiros e colchas e cheiros de incensos, duas solidões perdidas, alguns amores guardados, outros vividos outros não, quatro pés sem destino, duas cabeças cheias de tanta coisa que sai pela boca, pelos ouvidos, pelo nariz e pelos poros arrepiados. Ele, buscando guardar na memória novas formas de prazer. O outro, tentando viver um amor que se perdeu desde seus 12 anos, e guardou num relicário, junto com estrelas derretidas. Imaginou? Agora imagina o seguinte: no meio da solidão os dois se encontram, tateando no escuro. Descobrem, pela superfície das mãos, a textura da pele que já conheciam de outros mundos. Reconhecem as peças do quebra-cabeça nos dedos destendidos. Resolvem encaixá-las. O mundo dos adultos olha perplexo a descoberta infantil e diz: tente um de 1000 peças, esse parece muito fácil. E segue andando sem olhar para trás e desmerecendo o que vem à frente. Imaginou? Imagine agora uma chama de luz muito branca e quente e clara no meio da testa. Ela desce para o meio da barriga. Ela sobe para o alto da cabeça. Ela percorre toda a sua coluna. Ela pára na sola dos pés. Ela guia seu olhar. Imaginou? Tá, agora me diz: onde pararam seus olhos? Imaginou?

A noite você me conta. Ou quem sabe algum dia. Só sei que depois de tudo, só posso viver assim:

"E falta sempre uma coisa,um copo, uma brisa, uma frase,E a vida dói quanto mais se goza e quanto mais se inventa."Fernando Pessoa


Tô chegando!

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